13 de julho de 2017

Tudo é mídia.

Tudo é mídia
E tenho medo.

Não tenho governo.
Tenho vergonha
E medo.

Tudo é mídia
E fingimento sem pessoa.
Tenho medo
De acordar um dia
sem meus amigos.
Tudo é mídia
E morte cerebral.

Tenho medo
E essa dor temível.
Municipal.
Sem domínio.
Estado deplorável.
Acutela-me
Lentamente.
É isso e mais isso...
Não é mais
Efeito colateral.

Tenho ódio
E ânsia de vômito.
Tenho nojo.
Tudo é mídia.

Anestesia-me,
Por favor.

Não há lugar
Entre os inimigos
Para a poesia.
Eles me veem
E me cercam
E me abraçam!
Ignorante e doente
Não ouso seguir adiante.
Não compreendo
Por que eu só tenho medo.
Nenhum governo.
Só eu
Tenho medo?
Tudo é mídia
E ponto final.

.
.

[peter O sagae] + detalhe de uma pintura de Hieronymus Bosch: A Extração da Pedra da Loucura, ou A Cura da Insensatez (c.1475-1480).


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